Essa doença ainda é pouco conhecida pelos psiquiatras. A sexomnia é dada como um transtorno caracterizado pela ânsia por sexo durante o sono. O surgimento do transtorno está diretamente relacionado, segundo estudos epidemiológicos, com a diminuição do período de sono da população. Com a vida sempre estressante e agitada, as pessoas passam a dormir menos ou de forma fragmentada, acordando diversas vezes durante a noite ou não se desligando completamente e tendo um sono profundo e sadio.
Com isso, muitos distúrbios aparecem, e um deles é a sexsomnia, uma espécie de sonambulismo do sexo que é considerado um transtorno advindo da modernidade. A apneia, problema que obstrui as vias aéreas durante o sono, também é um dos fatores que compromete um sono saudável, além de predisposições genéticas, ansiedade, irritabilidade, drogas e álcool, motivos que podem levar à sexsomnia.
A sexsomnia afeta homens e mulheres e a faixa etária varia, sendo que a maioria dos casos ocorre na faixa dos 30 anos. Não há nenhuma estimativa precisa de quantos pacientes no Brasil sofram do transtorno (principalmente pela maioria não buscar ajuda médica) e nem perspectiva de crescimento para os próximos anos, mas sabe-se que já foram diagnosticados 40 casos de sexsomnia no Brasil e a tendência é que o problema atinja ainda mais pessoas.
É importante ressaltar que o transtorno não consiste num ato sexual consentido entre os parceiros durante a noite, momento em que o distúrbio aparece. A sexsomnia ocorre quando o parceiro(a) que sofre do transtorno não se lembra do ocorrido durante a noite, durante o sexo. O transtorno pode trazer problemas sérios no relacionamento entre casais, pois o sexo costuma ser mais agressivo durante o sono e até mesmo influenciar crimes, como pedofilia, e incesto com abuso das próprias filhas ou outros parentes durante o sono. Ainda é raro o distúrbio, mas pode até mesmo levar ao estupro, sendo importante o tratamento imediato. Em outros casos, o homem ou mulher com sexsomnia pode se masturbar tão fortemente durante o sono e se machucar seriamente.
Um estudo realizado no Hospital de Toronto, no Canadá revelou algumas condições. Cerca de 832 pacientes responderam questionários que revelaram que 62 participantes (11% de homens e 4% de mulheres) já tiveram alguma crise de sexsomnia e foram às vias de fato, o que demonstra que a condição pode ser mais comum e recorrente do que se acreditava anteriormente. Tanto homens e mulheres podem desenvolver o distúrbio, mas é mais comum que homens venham a experimentar o sexo durante o sonambulismo, de fato.
[sc:artigos_relacionados]O transtorno pode aparecer em níveis diferentes em cada paciente. Alguns apenas gemem e tateiam os arredores durante o sono, outros podem se masturbar violentamente, outros podem realizar sexo com seus parceiros ou outras pessoas que estiverem próximas ou ao menos tentarem. Nesse último caso o nível é mais avançado e pode tornar o paciente com sexsomnia em uma pessoa agressiva.
Algumas pessoas podem realmente se tornar perigosas com o transtorno durante o sono e cometer abusos e estupros que não cometeriam em sã consciência. Ao acordar, dificilmente os portadores do transtorno se lembram de alguma coisa, quando acusados costumam negar veementemente e outros lembram de alguns flashes, mas acreditam ter sido um sonho.
As causas ainda são desconhecidas, mas acredita-se em uma predisposição genética para o problema. Além disso, o álcool em excesso, assim como uso de drogas, podem ser causas do surgimento do problema. A fadiga e o estresse também estão entre os motivos que podem levar uma pessoa a desenvolver o transtorno.
A sexsomnia pode causar alguns sintomas desagradáveis, como raiva, confusão, negação do ato, ansiedade, medo, culpa, amnésia, repulsa, vergonha e tensão. Todos os sintomas são pscicológicos e causados pelas ações involuntárias que tendem a constranger e colocar o paciente em situações desagradáveis perante seus familiares e amigos.
O tratamento da sexsomnia pode ser uma combinação de medicamentos, terapia e alterações no estilo de vida, buscando a redução do estresse e um sono mais tranquilo (menos agitado). É fundamental evitar o excesso de álcool, uso de drogas e situações que geram irritabilidade. A prática de atividades físicas ou meditação pode auxiliar a reduzir o problema e até mesmo resolvê-lo de uma vez por todas, se o transtorno for de nível leve.
Se o paciente costuma se tornar agressivo sexualmente durante a noite, o médico deverá preescrever sedativos e até mesmo antidepressivos. No início, para evitar situações desconfortáveis, talvez seja necessário isolar a pessoa com sexsomnia trancando-a em um quarto separado. Pessoas que sofrem de apneia ou outros distúrbios do sono devem tratar esses problemas, pois a sexsomnia geralmente é uma consequência dos outros distúrbios de sono já existentes.
É essencial que o problema seja tratado assim que diagnosticado, pois pode interferir nas relações interpessoais com o cônjuge e outras pessoas do círculo familiar e social. Além disso, o transtorno pode levar o paciente à depressão e baixa estima ao descobrir sua condição. Os familiares e, principalmente o parceiro(a) devem apoiar nesse momento, muitas vezes até mesmo no diagnóstico, uma vez que quem sofre de sexsomnia tem amnésia e dificilmente irá se consultar por conta própria. Ainda estão sendo feitas várias pesquisas em pacientes para descobrir a melhor forma de tratar o problema sem a adoção de medidas paliativas.
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