Pagam a você para passar o dia inteiro fazendo sexo. Tudo perfeito, verdade? Não: As pessoas tendem a esquecer da grande quantidade de contrapartidas que esses intérpretes têm de viver nas suas curtas carreiras.
Isso não é a vida de um ator pornô, isso é uma fantasia que não tem nada a ver com a realidade.
Pergunte a qualquer homem que cruze pelo o seu caminho, ou a você mesmo: “Não seria maravilho ser um ator pornô? Ganhar dinheiro, bastante dinheiro em troca de transar dia sim e no dia seguinte também, com mulheres maravilhosas e ir para cama com várias famosas?” Tudo isso rodeado por um certo glamour que pode parecer muito atrativo para muitas pessoas, e que lembra o filme de Paul Thomas Anderson Boogie Nights.
Mas como quem assistiu a esse filme deve se lembrar, nem tudo são flores e felicidade. Inclusive o fato de ter de lutar o máximo possível para ficar longe dos vícios, doenças e abusos, as dificuldades de ser uma estrela pornô são incontáveis e muitos não fazem ideia.
No final das contas é trabalho, e o trabalho nem sempre é gratificante.
Lance Hart, um profissional da indústria que já trabalhou dos dois lados da câmera, dá um punhado de pistas para as pessoas entenderem porque ser ator pornô não é nada divertido.
Primeiramente, porque ao contrário do que ocorre quando as pessoas vão para a cama com alguém que deseja, o objetivo não é obter o próprio prazer, nem sequer o da parceira, mas sim o do espectador.
Isso quer dizer basicamente que tudo está preparado para conseguir uma imagem atrativa para o espectador. Com esse objetivo em mente, os atores devem adotar posições pouco naturais, quando não dolorosas – Hart explica os problemas causados pelas posições estranhas durante o sexo oral – ao mesmo tempo que eles têm que fingir que estão desfrutando do melhor sexo da sua vida.
O ator, além de ser o último a sentir prazer durante a filmagem, também sofre os mesmos problemas que qualquer outro intérprete.
Se já é bastante doloroso para um ator ter que chegar ao clímax emocional nas diferentes gravações de cenas de ficção convencional, pior ainda é ter que introduzir o seu pênis em algum orifício durante horas e horas, de acordo com o que o diretor quer. A fadiga toma conta rapidamente, o que piora o resultado final e dificulta o trabalho do ator.
E ainda por cima, lembra Hart, os atores pornôs têm que enfrentar uma outra grande dificuldade: manter a ereção todo o tempo que for necessário. Algo tremendamente psicológico e que não se pode forçar.
Se algum dia uma pessoa está sem vontade de trabalhar, sempre pode tentar se motivar e rezar para que as horas passem rápido, mas se é um ator pornô e está cansado ou nervoso, por mais que tente fazer com que a coisa funcione, ele não funcionará.
E se não funciona, toda a equipe – câmeras, atores, maquiadores, etc. – ficará de braços cruzados enquanto o dinheiro do produtor vai sendo gasto, e este não é o melhor clima para que a tão esperada ereção apareça.
É então que muitos desses trabalhadores se vêm obrigados a tomar remédios para evitar estes episódios de “paralisia genital”.
Segundo explica Hart, as drogas mais habituais são o Viagra, o Cialis (outro remédio destinado a disfunção erétil) ou a última novidade, uma injeção que recebe o nome de TriMix e que ao aplicá-la no pênis, permite que ele se mantenha ereto durante horas…Inclusive depois de ejacular.
Seja como for, nenhuma dessas soluções parece ser muito saudável.
Além do mais, há muitas outras situações complicadas que muitos nunca pararam para pensar logo de início. Por exemplo, as normas para os exames médicos de cada tipo de ator (hétero, homossexual, bissexual) são bem diferentes.
Os atores héteros não usam camisinha, mas o controle é super rigoroso. Já os homossexuais usam, mas os exames são diferentes.
Hart é bissexual (crossover) e portanto muitas atrizes hétero não querem trabalhar com ele, já que as normas são diferentes.
Usar um preservativo durante horas não é gostoso para ninguém: danifica os nervos e provoca escoriações na vagina. Mas não se preocupe, isso só ocorre – como ocorre frequentemente nas gravações de filmes pornô – quando é obrigado a penetrar a sua companheira (ou ser penetrada) durante horas e horas.
Além dos problemas relacionados de forma direta com a realização do ato sexual em si, a sociedade vê o trabalho do ator pornô de uma maneira particular.
Em um vídeo engraçado e bem humorado, vê-se o ator James Deen (uma das maiores estrelas pornô atual) indo ao banco, visitando sua advogada e indo ao médico, e todos se insinuam para ele, mas quando ele vai para a casa da sua namorada, ela nega transar com ele pois está assistindo House of Cards.
Em outro site por exemplo, um ator anônimo afirmou que seu maior problema era ficar recebendo constantes ofertas sexuais por email. “Sou um ator”, afirmou.
Em uma entrevista para um site colombiano, o ator Nacho Vidal explicou que o maior problema está relacionado com o “esteriótipo do ator pornô”, ou seja “que é um ser sem cérebro que só pensa em fazer sexo”: “Eu sou odiado por todas as namoradas dos meus amigos, porque quando eles saem à noite comigo, elas pensam que eu os vou levar para a putaria”, explica.
“Mas isso é impossível. Pra que eu vou ir trabalhar? Quando saio para tomar um chopp é para tomar um chopp. A última coisa que penso é em ficar com uma mulher, porque isso é o que faço todos os dias”.
A atriz Jenna Jameson, por sua vez, leva anos advertindo as pessoas a respeito dos perigos do pornô: tem que fazer amor com parceiros que nem sempre são atraentes, a imprensa te trata mal e se conseguiu certa fama, constantemente se encontrará com viciados em pornô que te trataram de péssima maneira.
Esses são bons motivos para pensar duas vezes antes de abaixar as calças e se lançar ao estrelato internacional.
Por isso que sempre achei estranho que depois que o ator goza, a giromba do sujeito continua ereta. Mas como? Injeção de TriMix...